Não obstante, a primeira reação do Palácio do Planalto à fala de Lira, que incluiu expressões como “sinal amarelo” e “remédios políticos conhecidos de todos”, alguns até “fatais”, foi um encontro na manhã seguinte, quinta-feira 25. Na saída, o protocolar aceno lado a lado indicava algum acerto em curso. No mesmo dia, líderes importantes do governo no Congresso apontaram o chanceler Ernesto Araújo, que nunca teve bom diálogo com o Congresso, como “a bola da vez”, o que deu início a uma crise alimentada por manchetes até as trocas na Esplanada dos Ministérios anunciada ontem, segunda 29.
Nestes quatro últimos dias, Araújo e seus auxiliares trocaram farpas com a senadora Kátia Abreu (PP-TO), do mesmo partido de Lira. Ele deixou o posto ontem, mas nem de longe a chancelaria ou pastas como a Defesa — o general Fernando Azevedo também saiu, por divergências internas — eram alvo das intenções de Lira pela falta de capilaridade política e recursos da União. Inicialmente, a tentativa foi emplacar a médica Ludhmila Hajjar na Saúde, mas houve resistência do presidente porque ela é contra o tratamento precoce da covid-19.
A saída costurada para agradar ao Centrão e aplacar os ânimos foi oferecer a antessala do Palácio do Planalto à deputada Flávia Arruda (PL-DF), futura ministra da Secretaria de Governo, responsável pela articulação com o Congresso. Ela é ligada ao grupo capitaneado por Lira, relatora do Orçamento, mulher de uma velha raposa da política, o ex-governador José Roberto Arruda (DF), e filiada a uma das siglas que têm dado argamassa ao governo na Câmara, o PL de Valdemar Costa Neto.
Ainda restam outros movimentos em andamento e peças podem ser substituídas — especialmente nos gabinetes militares. Mas o gesto ao Centrão parece uma primeira leitura possível da fala espinhosa de Lira na semana passada. (Revista Oeste)
Da Redação do Portal de Notícias Floresta News
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