Explosão de bomba em igreja católica no Congo deixa feridos


A explosão ocorreu no último domingo (27), na paróquia católica de Butembo-Beni, na região leste da República Democrática do Congo, e segundo informações poderia ter causado um verdadeiro massacre. De acordo com o vaticannews, o incidente ocorreu ás 6h da manhã, uma hora antes do início da missa, quando uma bomba explodiu atrás do altar, onde o coro geralmente se apresenta.

Duas mulheres ficaram gravemente feridas com a explosão e foram levadas às pressas para o hospital. Elas estavam presentes no local para preparar a missa dominical, dedicada ao Sacramento da Crisma. A bomba destruiu alguns bancos e móveis da igreja, mas poderia ter causado um grande número de vítimas, considerando que muitas crianças e pais eram esperados para a celebração. A paróquia, por sua vez, constituiu um comitê de segurança.

A preocupação dos Bispos

A diocese de Butembo-Benisi há algum tempo vem sendo atacada pelas chamadas "Forças Democráticas Aliadas", um grupo de rebeldes próximo ao Estado Islâmico. Já no mês passado, o bispo local, dom Melchisedec Sikuli Paluku, havia lançado o alarme sobre os contínuos ataques terroristas e as numerosas violações dos direitos humanos perpetrados na região. Na mira dos atacantes não estão apenas as igrejas, mas também as escolas e hospitais. "Não passa um dia sem que as pessoas sejam mortas”, havia denunciado o bispo: “os rebeldes chegam a matar os doentes nos leitos do hospital".

Entre 2013 e 2020, os ataques causaram mais de 6 mil mortes somente em Beni; 3 milhões de deslocados e 7.500 pessoas foram sequestradas; além de casas e vilas queimadas; edifícios administrativos saqueados; animais, campos e colheitas saqueadas. Em abril do ano passado, o Comitê Permanente da Conferência Episcopal do país, a Cenco, emitiu uma mensagem exortando o fim da violência. "Parem de matar os irmãos de vocês!”, imploravam os prelados, dirigindo-se a todas as partes envolvidas: "o sangue deles grita da terra".

Os bispos esperavam, portanto, uma reforma estrutural do governo; uma melhor gestão do exército, com a remoção de todos os oficiais coniventes; um fortalecimento da logística para evitar ataques das milícias e assim reduzir a perda de vidas humanas; o início de uma operação militar em larga escala, sob a autoridade do Conselho de Segurança da ONU; o desarmamento e a reintegração social dos soldados desmobilizados para evitar que engrossem as fileiras das milícias; "a criação de uma estrutura permanente de consulta para a coesão e a paz no leste do país, liderada por um observatório científico multidisciplinar, e o envolvimento dos líderes locais na conscientização da convivência pacífica".

O convite pela paz no leste do país


Ao mesmo tempo, a Cenco fazia um apelo que fossem desenvolvidos nas zonas de conflito "espaços de diálogo" baseados na "promoção de valores de cidadania", junto com o desenvolvimento de "uma parceria bilateral e multilateral com parceiros internacionais". Os bispos enalteciam que "a guerra é a mãe de todas as misérias, afeta todas as esferas da sociedade e compromete o futuro dos nossos filhos", convidando "aqueles que estão envolvidos no espectro da divisão a compreender que é através do amor e da unidade que o mal pode ser vencido e a violência pode ser quebrada". Daí, então, o apelo por "um tempo de oração pela paz no leste do país", pois o drama da região "diz respeito a toda a nação".


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