A Comissão de Segurança Pública e Defesa Social da Alepe planeja realizar, no ano que vem, uma audiência pública sobre a saúde mental dos profissionais da área. O debate, ainda sem data marcada, foi anunciado na última reunião do colegiado de 2020, ocorrida nesta quarta (16).
O tema foi proposto pelo deputado Delegado Erick Lessa (PP), que lamentou o suicídio de um delegado da Polícia Civil de Pernambuco, encontrado morto dentro da Delegacia de Vitória de Santo Antão (Mata Norte), no último dia 10. “Perdemos, de forma trágica, um profissional com quase 20 anos de instituição. E temos várias outras ocorrências recentes”, registrou.
Ele citou dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), segundo os quais, em 2018, houve 104 casos de suicídios entre policiais civis e militares em todo o Brasil. O número supera o de assassinatos em confrontos durante o serviço, cujos registros chegaram a 87. “Isso demonstra a importância do trabalho de saúde mental para esses agentes. Eles colocam a vida em risco para defender a sociedade e acabam sendo afetados por depressão e outros problemas”, apontou Lessa.
A deputada Delegada Gleide Ângelo (PSB) informou que o setor de Recursos Humanos da Polícia Civil de Pernambuco já tem uma proposta para atuar na prevenção ao suicídio, e pediu apoio dos parlamentares para que a iniciativa seja efetivada. “No entanto, a competência para apresentar uma medida desse tipo é do Poder Executivo. Me comprometi a levar a proposta ao governador Paulo Câmara”, relatou. “Ao contrário do que muitos acham, nós, policiais, não somos máquinas. Sofremos cobranças por resultado, mesmo com efetivo pequeno, e ainda enfrentamos o risco das operações. É uma carga emocional muito grande.”
As mesmas questões afetam os policiais militares, observou o presidente da Comissão, deputado Fabrizio Ferraz (PP). “Exigem resultados sem nos dar recursos”, disse. Coronel da reserva da PMPE, ele também defendeu a criação de uma política de prevenção aos suicídio no setor: “Nossa reunião para debater o tema deve ser realizada o quanto antes, para sabermos o que já se faz e o que pode ser feito para dar apoio a esses profissionais”.
O parlamentar aproveitou para fazer um balanço da atuação do colegiado em 2020. Instalado em agosto deste ano, o grupo promoveu três reuniões ordinárias, nas quais foram distribuídos 43 projetos de lei e aprovadas quatro proposições. “Esta comissão permanente representa um grande avanço na construção conjunta da paz social em nosso Estado”, acredita Ferraz. “Temos um espaço na Alepe para discutir, de maneira específica, as questões do segmento.”
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